Flores de plástico?

quinta-feira, 3 de setembro de 2009


A surpresa abriu seus olhos até não mais poder
E nada era possível sonhar
Estava despida daquela tristeza momentaneamente
Encontrava brilhos secos nos olhares
E ouvia música nas vozes de quem sussurava e de quem gritava
Não tinha sonhos, nem futuro, nem passado
Pois a cor do seu caminho era indistinguível
Só sabia que a rua onde morava não existia mais
A casa onde crescera não era mais
Os filhos que tivera não viviam mais
E presumia estar só
Não era fantasia, nem havia flores de plástico
Nem um rastro
Nem uma poesia
Andava e não se via
Espelho não havia
Estava só.

Ilustração: Madame Matisse - by Henri Matisse